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Foto: Acervo Gratuito Wix
Agora que já passou um ano eu ainda olho pra trás tentando entender o que aconteceu. E só agora me sinto capaz de falar sobre isso de uma maneira mais objetiva.
Não gosto de alarmismo nem é essa minha intenção com esse post. Espero que ele ajude a muitas pessoas e não faça mal a nenhuma gravidinha que possa ficar preocupada à toa. Mas eu gostaria de ter tido mais informações sobre isso antes. De ter entendido que eu poderia prevenir ou estar atenta de alguma forma. Por que depois descobri que isso é mais comum no pós parto do que eu imaginava.
Segundo o dr. Rogério Abdo Neser "Só para se ter uma ideia, na gravidez há um risco de trombose venosa 5 a 10 vezes maior que numa mulher nas mesmas condições de saúde e mesma faixa etária fora do período gestacional. No pós-parto a coisa é ainda pior, o risco aumenta 15 a 35 vezes. Esse risco só começa a cair após a sexta semana depois do parto e atinge os níveis pré-gestacionais lá pela 12ª semana."
Por isso vou contar aqui a minha experiência. Quem sabe assim estando atentas evitamos que seja algo mais grave.
Depois que eu tive o Davi - uma cesárea de emergência - eu tive retenção urinária. Pelo que não andei muito, senti muita dor e fiquei um dia a mais no hospital. Quando tive alta ainda sentia muita dor. A médica colocou como condição para me dar alta que eu terminasse de tomar em casa as injeções que eu estava tomando no hospital. Meu desejo de chegar em casa com meu bebê era tanto que fui pra casa sem estar 100%. Antes não tivesse ido. No dia seguinte à noite senti uma falta de ar estranha. Acordei com o susto. Como se de repente todo o ar ao meu redor desaparecesse. Acordei, sentei na cama, puxei o ar com força e meu marido me perguntou o que eu estava sentindo. Aí eu disse que uma falta de ar estranha que eu já tinha sentido no hospital. Vinha acompanhada de uma dorzinha no meio do peito. E que deveria ser ansiedade por tanta coisa que aconteceu em pouco tempo.
Voltamos a dormir e, de manhã, ele e minha mãe insistiram para que eu ligasse pra a médica. Eu achei que era exagero deles mas liguei. E, para minha surpresa, minha médica - que é super ponderada - me mandou ir imediatamente para o hospital. O Davi, recém nascido, foi junto. De pijaminha ainda, tadinho.
Foi um dia terrível por que a médica que me atendeu me enviou para o plantonista da emergência para fazer os exames e este me passou para outro que pelo visto não entendeu a gravidade e urgência da situação por que eu fiquei o dia inteiro esperando para que no fim do dia minha médica fosse avisada da situação e dissesse que era para me internarem imediatamente.
E assim foi... fui internada com o diagnóstico de embolia pulmonar. Eu nunca vi meu marido tão preocupado. Ele chegou a me abraçar e dizer chorando - mas não contem pra ele que eu contei - que eu não poderia morrer. Eu não estava entendendo nada. Sinceramente minha única tristeza era ter que ficar internada de novo com meu bebe recém nascido em uma ala que não era maternidade. Graças a Deus deixaram o Davi ficar comigo para ser amamentado. O que foi bem complicado. Mas foi o que me consolou. Eu teria surtado se ele não estivesse comigo.
Foram outros dois ou três dias internada, usando oxigênio, vários medicamentos e sendo atendida pela obstetra, pneumologista e cardiologista. Minha pressão chegou a ir a 21. Quando o enfermeiro disse isso eu pensei que ia morrer naquela hora.
Fui liberada pra ir pra casa com a condição que eu não fizesse NADA. Nada mesmo. Só poderia levantar para amamentar. E alguém tinha que me entregar o Davi. Eu nem podia tirar ele do berço. Até trocar a fralda e dar banho tinha que ser outra pessoa. Eu sentia falta de ar com qualquer coisa que eu fizesse.
Não me lembro exatamente quanto tempo fiquei assim. Mas por pelo menos 1 mês eu não podia fazer nada. E não posso explicar a tristeza e angústia que eu sentia de não poder cuidar do meu próprio filho e ver minha mãe e meu marido trabalharem feito loucos. Só três meses depois eu fui liberada para começar uma vida quase normal e poder viajar para apresentar o Davi à minha avó e a minha família no Rio. Foram 6 meses de tratamento usando anticoagulantes. E só depois de 6 meses fui liberada para fazer exercício e ter uma vida normal mesmo.
Hoje eu não tenho nada. Graças a Deus! Mas ainda estou fazendo uma investigação com especialistas para saber sobre o risco de uma nova embolia.Ou se correria riscos em uma futura gestação.
Então aqui fica meu alerta para quem pode tomar a decisão sobre o tipo de parto que vai ter: A cesárea é uma cirurgia e, como qualquer outra,ela pode ter complicações. Sempre que possível é bom a gente optar pelo mais natural por que a recuperação é melhor e os riscos bem menores. É verdade que os fatores de risco da embolia incluem também da gravidez e pós parto o que pode incluir o parto natural. Mas com certeza este envolve menos riscos. Lembro que ainda no hospital eu disse para a minha obstetra que não entendia como alguém poderia optar pela cesárea se era tão ruim. E ela disse que as pessoas só pensam que vai dar certo mas que "uma cesárea quando complica, COMPLICA".
Para quem optou pela cesárea ou precisa fazer a cesárea lembre-se que você teve um bebê MAS você foi ou será submetida a uma cirurgia. Então qualquer coisa que você sinta depois disso pode ser sim só da cirurgia ou da anestesia mas também pode ser alguma complicação. Então não ignore. Avise ao médico sobre seus sintomas e não tenha pressa, como eu tive, de ter alta e ir para casa com seu bebê. É melhor sair um ou dois dias depois estando bem recuperada do que ter que voltar para o hospital com um quadro mais grave.
Deixo aqui alguns links de artigos que falam sobre a embolia pulmonar e deixam claro que ela pode ser comum no pós parto:
BabyCenter Brasil - Sinais de alerta no pós parto
Tua Saúde - Sinais de alerta no pós parto
Mamãe prática - Trombose venosa - cuidados na gravidez e pós parto
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